
Parei para rever “Rosa Luxemburgo” (1986). O filme termina com a execução sumária da protagonista, personificada pela atriz Barbara Sukowa (vide foto), no rastro da repressão à sublevação comunista de 1919, conhecida como Levante Espartaquista. Ela foi executada pelas forças paramilitares (Freikorps) que proliferaram na Alemanha no vácuo da derrota na 1ª GM, mas com a cumplicidade do recém empossado governo social democrata, que tentava estabilizar um país faminto e desnorteado.
A violenta repressão da sublevação teve vastas implicações nas décadas seguintes. Foi uma das razões apontadas pelos comunistas, em ascensão, para não apoiarem os enfraquecidos social-democratas após as eleições parlamentares de novembro de 1932.* Um hipotético bloco SPD-KPD reuniria 221 das 584 cadeiras do Reichstag, contra 196 dos nacional-socialistas. Claro que a estrita subordinação do KPD ao Komintern (por sua vez, totalmente manietado por Stálin) também ajudou. O fato é que rancores e miopias variadas contribuíram decisivamente para que Hitler fosse designado Chanceler em janeiro de 1933. E o filme é uma ótima oportunidade para recuperar essa história quase esquecida. Ele está disponível no NOW.
(*) A história e as suas trágicas ironias: as eleições de novembro de 1932 resultaram da ameaça de um voto de desconfiança liderado pelo ascendente KPD, mas com o apoio do NSDAP.